Alexandre é um mentiroso nato, um Barão de munchausen caboclo, que todas as noites conta para os vizinhos qs suas fantásticas aventuras. Esse tipo, que existe me todo o folclore mundial, foi magnificamente retratado por Graciliano Ramos nas sua feições. A Primeira Aventura de Alexandre, História de uma Bota, Uma Canoa Furada e A Doença de Alexandre contém motivos conjugados da superioridade e da imunidade de Alexandre. Em O Olho Torto de Alexandre, ele narra as circunstâncias que o fizeram vesgo, amplificando-as com um fator suplementar: vê melhor pelo olho defeituoso. As outras histórias configuram um animal excepcional: História de um Bode, Um Papagaio Falador, Um Missionário, História de uma Guariba e Moqueca. Aparece, também, o objeto excepcional, verificável nos três contos restantes: O Estribo de Prata, O Marquesão de Jaqueira e A Espingarda de Alexandre. Tem-se, assim, nesses relatos, dois níveis bem nítidos e que se opõem com clareza: o nível real e o sonho, feito de compensações, no qual o real é superado e, por força do contraste, salientado. Enfim, este é um livro irônico, bem humorado, escrito inicialmente para criança, mas no qual os adultos acham ainda mais graça.